Segundo a mitologia grega, as musas eram divindades a quem era atribuída a capacidade de inspiração artística. Eram nove e cada uma delas tinha a seu cargo uma área específica. Portanto, muitos artistas solicitaram a sua intervenção para que uma poderosa inspiração os acompanhasse na elaboração das suas obras. Grandes génios do mundo inteiro as invocaram.
Pablo Picasso também falava delas, mas de uma maneira bastante curiosa! Ou genial… Costumava dizer: “Si las musas vienen que me cojan trabajando” (Se as musas vierem que me encontrem a trabalhar).
Explorando esta frase, torna-se perfeitamente compreensível o que Pablo Picasso pretendia sublinhar: que nada vem sem trabalho, nem mesmo a inspiração! Na verdade, a inspiração não virá nunca se cruzarmos os braços, esperando que ela faça a sua milagrosa aparição. Só o trabalho, o esforço, a perseverança poderão criar as condições necessárias para a “vinda das musas inspiradoras”.
Aliás, esta ideia transmitida por este famoso pintor e escultor espanhol fez-me lembrar um conto que li quando era mais nova, cujo título e autor já esqueci, mas do qual recordo a história. Tratava de uma mulher que viveu há muitos anos e que era doméstica. O marido saía todas as manhãs para ir trabalhar e a mulher ficava a tratar das lides domésticas, para que, quando o marido chegasse, estivesse tudo impecável. Contudo, todos os dias acabava por acontecer a mesma coisa: começava por varrer a casa, mas depois lembrava-se que tinha que lavar a loiça e ia lavá-la. Entretanto, abandonava este trabalho, porque pensava noutro que tinha para fazer… E, assim, saltava de tarefa em tarefa sem nunca concluir nenhuma.
Deste modo, quando o marido chegava, estava tudo por acabar e a casa parecia ainda mais desarrumada do que quando ele tinha saído. Tudo permanecia num caos.
Num dia em que desabafava com a sua vizinha, esta aconselhou-a a fazer todas as suas tarefas de maneira organizada, isto é, começar e acabar cada uma com determinação e método e obedecendo a uma ordem sequencial. Procedendo desta forma, teria cinco anõezinhos invisíveis a ajudá-la. A mulher, desesperada, lá aceitou. E, cumprindo o que tinha combinado, organizou-se de maneira a que no dia seguinte conseguisse que os “anões a ajudassem” nas suas tarefas. Miraculosamente, algum tempo antes do marido chegar, estava tudo feito.
Agradecida e feliz, a mulher, todos os dias, seguia rigorosamente estas indicações, acreditando na ajuda precioso dos cinco anõezinhos
Conclusão: tal como os anões invisíveis, as musas são fictícias, mas, se acreditarmos nelas e trabalharmos com empenho e inteligência, seremos certamente bafejados pela inspiração e os resultados serão, muito provavelmente, do nosso agrado. Ou, pensando melhor, talvez as musas existam… e se chamem: Trabalho, Perseverança, Empenho, Força, Vontade, Dedicação, Amor…
Mariana Cardoso, 7º1