Aqui é o ponto de encontro de todos os que gostam de ler, de falar de livros, de ilustrar as passagens preferidas, de partilhar leituras…
Vamos conversar?
Neste espaço, podemos partilhar com os outros as nossas opiniões sobre livros/textos que apreciamos, leituras que adoramos e, também, conhecer novos livros interessantes. Leste um livro interessante? Então, fala-nos um pouco dele. Vem até aqui, ao nosso PONTO de ENCONTRO, um espaço que gostaríamos que fosse verdadeiramente NOSSO, de toda a Comunidade Educativa.
“Ler é sonhar pela mão de outrem.” Fernando Pessoa
publicado por Cidália Loureiro e Lídia Valadares | Segunda-feira, 23 Abril , 2012, 10:46

 

Tenho de reconhecer que, a primeira vez que ouvi esta expressão, senti uma pontada de tristeza, mas gostei da frase e fi-la minha. Achei que poderia ser um excelente ponto de partida. “De Espanha, nem bom vento nem bom casamento”, sim, mas, se o vento sopra com a força suficiente e na direção certa, não há ideia preconcebida que não leve consigo.

As pessoas que se esforçaram para promover a aproximação, a todos os níveis, entre Portugal e Espanha, os iberistas, sabem que são muitas as formas de gerar um vento capaz de superar os preconceitos que nos limitam, que reduzem a generalizações a infinita variedade de pequenas particularidades que compõem cada cultura.

Alguns, como Miguel Torga ou Miguel de Unamuno, lutaram com as palavras, com a política, com as ações... outros, como José Saramago e Pilar del Río, fizeram-no com o amor.

E não existe na natureza humana uma força maior do que a do amor, quando se compreende que amar é criar o espaço para que o outro seja quem é. Esta lei é válida tanto para as pessoas, como para as nações inteiras. Superar-se-ia, deste modo, a ideia infantil e complexada da “cara-metade”: sejamos cada um de nós seres completos e juntos não seremos um, mas dois.

“Um homem de uma peça só” - assim definia a espanhola Pilar del Río o seu marido, José Saramago.

Pilar, jornalista e tradutora, nasceu numa pequena aldeia  de Granada, em Andaluzia. O seu caráter e  a sua personalidade enérgica  têm a mesma força imponente das elevadíssimas montanhas de sua terra, tal como o espírito de Saramago afunda as suas raízes na terra que o viu crescer.

José de Sousa Saramago (1922-2010), escritor no mais amplo, denso e profundo sentido da palavra, português de Azinhaga (Santarém), retratou magnificamente as suas origens humildes no discurso de aceitação do Prémio Nobel de Literatura, que recebeu em 1998. Ao falar dos avós, que dormiam com porcos para se protegerem do frio, da grandeza humana daquele avô que, ao saber que estava para morrer, se despediu da sua terra chorando e abraçando as árvores. Daquela avó que não tinha medo da morte, mas sim pena de ter de deixar um mundo tão lindo... Era esta a grandeza humana que José Saramago gostava de ver nos homens, uma grandeza que não encontrava no mundo real cheio de corrupção, interesses políticos, falsas democracias e sociedades desumanizadas onde, nas suas palavras, “... parece mais fácil chegar a Marte que chegar ao próximo”.

Saramago recriava aquela grandeza humana dos seus avós através das personagens dos seus livros. Um livro pode ser uma janela que se abre ao leitor para espreitar outros mundos ou outras formas diferentes de ver o mesmo mundo.

Quando Pilar del Río leu, pela primeira vez, um livro de Saramago, não só viu a grandeza das personagens, mas  também a grandeza do seu criador. Foi assim que começou uma grande história de amor, na qual José punha a serenidade, a calma, a reflexão, o verde, o mar, o rio e o fado e Pilar complementava com a energia, a força das rochas e das serras, o pragmatismo, a impulsividade e o vermelho da paixão e do flamenco. Segundo as palavras do escritor: “Eu tenho ideias para novelas e ela tem ideias para a vida”. No livro da sua história de amor, ele escrevia belíssimas palavras e ela acompanhava-as com iluminuras de mil cores.

A união faz a força. Os escritores criam a literatura nacional, mas são os tradutores que tornam a escrita internacional. Pilar não era só a esposa de Saramago, mas também, para sorte de todos os falantes de espanhol, a tradutora dos seus livros. É graças a ela que os espanhóis e latino-americanos podem desfrutar das palavras do genial escritor português, reproduzidas com uma fidelidade total. Ela não traduzia livros, traduzia linhas, uma a uma, ao lado do escritor. O resultado era um destacável trabalho de equipa; bom para ele, bom para ela, ótimo para o mundo.

No dia 8 de outubro de 1998 José Saramago recebia o Prémio Nobel. Acompanhava-o  com o olhar, desde a sexta fila do público, a sua mulher, que entesourava, na mão esquerda, um cravo vermelho e, na mão direita, um leque. Só eles sabiam o significado daqueles símbolos mas, para mim, a mão direita dizia bom vento e a mão esquerda, bom  casamento.

Eles demonstraram, uma e outra vez, que os preconceitos têm de ser superados. Enfrentaram os que duvidaram da sua relação, porque Pilar era vinte e oito anos mais nova do que Saramago, demonstrando que o amor não tem idade, não tem fronteiras e, a todos os que acham que com a morte acaba tudo, provaram que o amor não morre.

Saramago faleceu em julho de 2010, mas continua a viver nas suas obras e na sua Fundação, presidida por Pilar, que mantém ativo o compromisso cívico de ambos, com ações, como a luta pelos direitos humanos ou a recuperação do património histórico- literário português.

Nas nossas mãos, também temos os instrumentos para romper com o ditado popular que deu o mote a este texto. Através da educação que ensina a superar os preconceitos, partilhando as particularidades das nossas culturas, amando as nossas terras, sim, mas criando o espaço para que cada um(a) seja quem é, e complementando-nos para que, juntos, tenhamos a força dum bom vento e possamos oferecer os frutos dum bom casamento.

 

 

Gema Sedano Herrera

Assistente COMENIUS

  Escola E.B. 2,3 de Lamego

 

 

Ergo uma rosa – (Saramago, Luis Pastor, María Pagés)


publicado por Cidália Loureiro e Lídia Valadares | Segunda-feira, 09 Abril , 2012, 22:25

 

 

Podemos dizer que a expressão “música espanhola” é praticamente sinónima de Flamenco, apesar de existirem muitos géneros musicais (Folclore, Rock, Pop, Hip Hop, entre outros)…

De facto, se falarmos de música espanhola, vem-nos imediatamente ao pensamento o Flamenco – uma forma de arte que se manifesta não só através da música como também da dança. As suas origens remontam às culturas cigana e mourisca, com influências árabes e judaicas.

O Flamenco é associado, principalmente, à região de Andaluzia e tornou-se um dos símbolos da cultura espanhola.

Como qualquer tradição, sofreu várias transformações desde a sua origem. Inicialmente, o canto era a sua única forma de expressão; a guitarra, as palmas, o sapateado, a dança, o cájon e mesmo as célebres castanholas só mais tarde foram incorporadas. Atualmente, já se verificam influências da música moderna com o Jazz, o Pop e o Rock.

Camáron deu origem ao “Flamenco Fusion” e foi o mais popular e influente cantor do período moderno. Apesar do seu trabalho ter sido criticado pelos tradicionalistas, é considerado de grande importância por dar a conhecer às gerações mais novas a cultura do Flamenco.

O “Novo Flamenco” é uma mistura de Rumba, Salsa, Pop, Rock e Jazz.

Entre 1869 e 1910, durante a chamada época de ouro do Flamenco, este género artístico desenvolveu-se rapidamente nos chamados “cafés cantantes”. Os dançarinos também se tornaram numa das maiores atrações para o público desses cafés. Ao mesmo tempo, os guitarristas que os acompanhavam foram ganhando reputação e, dessa forma, nasceu, como uma arte própria - a guitarra do Flamenco. Julián Arca foi um dos primeiros compositores a escrever música flamenca, especialmente para guitarra.

A guitarra de Flamenco tradicional é feita de madeira de cipreste e abeto, é mais leve e um pouco menor que a guitarra clássica, com o objetivo de produzir um som mais agudo. O guitarrista mais famoso, neste âmbito, é Paco de Lucía.

Em 2010, o Flamenco foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.

Conhecer e apreciar o Flamenco é mergulhar num mundo de emoções singulares e conhecer um espaço genuíno da alma espanhola.

 

Cristiana Teixeira, 7º 1

 

 

         





publicado por Cidália Loureiro e Lídia Valadares | Segunda-feira, 02 Abril , 2012, 16:07



No passado dia 7 de Março, a Escola E.B. 2,3 de Lamego contou com a grata presença de Alexandre Parafita, um escritor de raízes transmontanas, nascido em Sabrosa e autor de uma extensa obra publicada não só no domínio da literatura infanto-juvenil como também no âmbito do património oral português.

     Este encontro com o escritor, atividade inserida na Semana da Leitura realizada de 5 a 9 de Março, foi um momento dedicado a livros e a leituras, especialmente centrado no livro recentemente publicado “Magalhães nos olhos de um menino”, escrito a duas mãos, por um autor português – Alexandre Parafita e uma escritora brasileira – Simone de Fátima Gonçalves. Este livro recheado de emoções, que salienta a importância de uma figura histórica portuguesa pouco abordada pela nossa literatura – Fernão de Magalhães – bem como a ousadia e a coragem do povo português na época áurea dos Descobrimentos, foi a base para o desenvolvimento de atividades interdisciplinares entre Língua Portuguesa, História e História e Geografia de Portugal, com o apoio da Biblioteca Escolar.

     Nas duas sessões que decorreram com este escritor, alunos dos 2º e 3ºciclos desta Escola apresentaram atividades diversificadas que partiram quer de pesquisas efetuadas, quer da leitura do livro em foco ou de outros textos que com ele, de algum modo, estabeleciam uma relação de intertextualidade. Assim, no auditório da nossa Escola, pudemos desfrutar de momentos de grande beleza e riqueza cultural.

     Alunos do 5º3, com base num apurado trabalho de pesquisa e através da projeção de diapositivos, fizeram, com mestria, a apresentação das duas personalidades em evidência (Fernão de Magalhães e Alexandre Parafita), salientando dados biográficos relevantes de cada uma. O Clube de Teatro fez saltar para a sala personagens e autores do livro, proporcionando-nos instantes transbordantes de criatividade, originalidade, arte e geradores de boa disposição. O grupo de Jograis, constituído por alunos do 8º 2 e do 7º 1, num coro admiravelmente sincronizado, deu voz a Fernando Pessoa, lembrando a força e a importância do mar no sonho e na obra dos portugueses e recordando a morte de Fernão de Magalhães na viagem de circum-navegação. Alunos do 8º3 declamaram o poema “Os livros, companheiros leais”, transmitindo-nos a importância destes “amigos” inseparáveis no nosso trajeto de vida. Brindaram, também, os presentes com um poema da sua autoria – “Viagem pelo livro dos sonhos”. Alunos do 8º1 trouxeram até nós António Gedeão. Com o “Poema da malta das naus”, fizeram-nos recuar no tempo e, de forma sentida, trouxeram à memória a vida difícil, penosa dos marinheiros da época dos Descobrimentos, ao cruzarem os mares nem sempre hospitaleiros. Depois, foi a vez de um quarteto de alunos do 8º 2, em jeito coloquial, nos proporcionar um momento muito agradável, trocando impressões sobre algumas expressões que, após a leitura do livro “Magalhães nos olhos de um menino”, ficaram a tilintar nos seus ouvidos, na sua mente…

     Seguiu-se o espaço destinado à entrevista, aguardado por todas as turmas presentes, que tinham preparado cuidadosamente as questões que gostariam de colocar ao escritor. E assim aconteceu. Alexandre Parafita, salientando a pertinência e a inteligência evidenciada em algumas questões, saciou a curiosidade de todos, respondendo com clareza e visível agrado às perguntas apresentadas, enriquecendo os nossos conhecimentos.

     No final da sessão, o escritor agradeceu a maneira como foi recebido, os momentos raros que lhe proporcionaram e fez questão de salientar a elevada qualidade e a marcante originalidade dos trabalhos ali apresentados.

     E, antes de partirmos, tivemos direito a uma sessão de autógrafos.

     Foram momentos muito agradáveis, proporcionadores de imensa riqueza cultural e que ficarão registados na nossa memória.

 

 

 

Henrique Manuel Fernandes Mendes - 8º2

Rui Pedro Lopes Cardoso - 8º2


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