Numa terra muito distante e num tempo muito remoto… havia um rei muito sábio, humano e preocupado com o seu reino. Esse rei tinha dois filhos, uma princesa e um príncipe. A princesa era bonita, honesta, sensata, simples, atenta e solidária para com os outros. Seu irmão, o natural sucessor do rei, era egocêntrico, oportunista, maldoso, materialista, ganancioso e prepotente.
O rei, que estimava o seu povo e conhecia bem o seu filho, não tinha muita vontade que este ocupasse o seu lugar, pois duvidava das suas qualidades como governante. Depois de muito pensar sobre o assunto, decidiu pôr os seus filhos à prova.
- Meus filhos, resolvi fazer um concurso para decidir qual de vós será o meu sucessor. Dou-vos um ano para a tarefa que vos proponho. Quem encontrar um diamante que considere capaz de alegrar a minha vida ficará com o trono.
O príncipe, revoltado com a atitude do pai, percorreu montes e vales, escolheu cuidadosamente uma pedra soberba e dirigiu-se à bruxa do reino.
- Será que o teu enorme poder conseguirá transformar esta pedra num magnífico diamante? – perguntou em tom propositadamente provocador.
- Por quem me julga o príncipe para fazer tal pergunta? É claro que consigo! – respondeu peremptoriamente a bruxa, que não gostou de ver os seus poderes postos em causa.
E, assim, a bruxa, com os seus feitiços, satisfez o pedido do príncipe.
- Mas deve ter muito cuidado, pois, se não for proclamado rei, transformar-se-á num sapo! – avisou a bruxa em tom ameaçador.
A princesa, que não estava obcecada por governar, pois não se deixava seduzir pelo poder, por honrarias e mordomias, e apreciava mais as pessoas e as coisas simples, foi passear pelas terras do reino, observando atentamente tudo o que a rodeava. Pelos caminhos, encontrou um pastor bem parecido que, enquanto guardava o seu rebanho, tocava uma bela melodia com a flauta. A princesa adorou aquela música que exprimia harmonia, paz, serenidade, alegria e ficou parada a apreciar, deliciada, a melodia e o seu intérprete. O pastor, sentindo-se observado, parou de tocar e, descobrindo a presença da princesa, levantou-se e cumprimentou-a surpreendido e intimidado.
- Bom dia, princesa! Peço desculpa, não vos tinha visto. - justificou-se o pastor.
- Bom dia! Não vos desculpeis, eu estava maravilhada a ouvir-vos – retorquiu a princesa com um doce sorriso.
Sentaram-se ambos numa pedra que não tinha pretensões a diamante e ali conversaram durante muito tempo.
Os encontros repetiram-se e as conversas também. A princesa foi conhecendo a vida, as preocupações, as necessidades da gente do seu povo. Com o passar do tempo, desenvolveram-se, entre ela e o jovem a quem tanto admirava, fortes sentimentos. Estavam verdadeiramente apaixonados e queriam casar-se.
No dia em que os irmãos se foram apresentar ao rei, o príncipe, confiante e altivo, colocou diante do pai um deslumbrante diamante. A princesa, na sua singeleza, comunicou ao soberano que não tinha nenhum diamante. Em vez disse, rogou-lhe permissão para casar com um rapaz humilde, mas trabalhador e com um carácter tão nobre que, para ela, era muito mais valioso do que qualquer pedra preciosa, muito mais importante do que o poder do trono.
O rei comunicou a sua decisão, a princesa seria a sua sucessora, pois o diamante a que o pai se referia era a pureza, a transparência, a nobreza de carácter capaz de trazer a felicidade a um povo.
Ana Filipa G. Lopes, 8º 2