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“Ler é sonhar pela mão de outrem.” Fernando Pessoa
publicado por Cidália Loureiro e Lídia Valadares | Segunda-feira, 10 Maio , 2010, 22:15

    

     Às vezes, cometemos o erro de pensar que precisamos de fazer coisas geniais, extraordinariamente abrangentes, para salvar o mundo e logo desanimamos ao pensar que isso está fora do nosso alcance (as inovações são para os génios!). Pois eu penso que não é esse o caminho certo. Creio que as grandes obras resultam do somatório articulado, persistente e sistemático de coisas simples, de pequenos gestos e atitudes do dia-a-dia, bem à nossa dimensão, à nossa pequenez, e resultantes da nossa convicção, empenho e criatividade, que cada um procura desenvolver ao máximo para criar um futuro mais risonho, não apenas o seu, mas o de uma sociedade na qual está inserido.

     E, nesta linha de pensamento, surgiu na vitrina da minha memória um livro que já li há algum tempo, mas que fui buscar à estante para reler. Bom sinal, pois muitos livros se lêem, mas poucos se relêem, na minha opinião. Eu reli: “A Maior Flor do Mundo”, de José Saramago. E confesso que o achei ainda mais delicioso, desta vez. Talvez porque já conhecia a história e fiquei mais disponível e atenta a outros pormenores. Talvez porque tive hipótese de estabelecer novos diálogos com o texto, de preencher mais espaços em branco… Ou, talvez, porque, como diz André Maurois, “A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.” E a minha alma respondia a cada passagem, a cada palavra, a cada espaço em branco. Achei o livro fantástico!

     Começa, assim, o autor: “As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas. Quem me dera saber escrever essas histórias, mas nunca fui capaz de aprender e tenho pena. Além de ser preciso escolher as palavras, faz falta um certo jeito de contar…”. Pois eu acho que Saramago escolheu, com mestria, as palavras e deu provas de um jeito fascinante de contar essas histórias.

     Fala de um menino que salta de “árvore em árvore como um pintassilgo” e se dedica “à vagarosa brincadeira que o tempo alto, longo e profundo da infância a todos nós permitiu…” E eu habitei, por momentos, a minha infância…

     E, nesta inebriante felicidade e liberdade, o menino andou, andou, por caminhos sem fim, até que chegou ao cimo de uma imensa encosta, onde só havia uma flor. “Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou de cansado.”

     Bem, o que se passa daqui para a frente eu não vou contar, até porque perderia toda a beleza, só lendo… O autor passa da prosa à prosa poética, de novo volta à prosa, mas cada palavra, cada expressão desperta múltiplas sensações, emoções, e dá provas de uma singular arte de escrever. A história é muito curta, mas a lição é GRANDE.

     E termina desta forma: “Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?...”

     Não resisto em citar o que está na contra-capa do livro e que achei provocatório (bem ao jeito de Saramago), mas fantástico: “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”

     Mas, afinal, o que tem a ver este livro com o assunto inicial? Por que razão apareceu ele no fio da meu pensamento?

     Leiam-no e descobrirão facilmente porquê.

 

    Lídia Valadares


Lídia Valadares a 2 de Junho de 2010 às 23:31
Diana,

Adorei o teu comentário! Muito obrigada. Ainda bem que ficaste curiosa. Espero que leias o livro e que partilhes as tuas opiniões comigo ou connosco.
Um beijinho.

Lídia Valadares

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